Um dos eventos cotidianos de
trabalho mais interessantes e enriquecedores são as visitações com duas ou
vinte e duas pessoas, aí me surgiu a idéia de escrever sobre o que realmente eu
falo nas visitações em vista da maneira com o processo fabril da cerveja se
desenrola na minha cabeça. Em verdade eu não fabrico, acompanho, bato papo,
pergunto mas me limito a estas ações embora no curso eu me envolva um
pouco mais, uma porque normalmente o Mateus fabrica e eu fico
fazendo meu trabalho também e no máximo um suporte ou outro relacionado a força
física, no caso entre dois carregar malte ou arrastar até o funil de arriar ou
alcançar uma mangueira entre um nível e outro da Cervejaria.
Houve situações em que quase trinta pessoas ocuparam a sala de brassagem, um dos orgulhos da Cervejaria Farol
sendo a única alemã de Göppingen no Brasil e de fato é uma bela sala de
brassagem, repetindo o termo, quem conhece sabe que o astral das vidraças no
fim de tarde contra as tinas de cobre de 1000 litros seja fabricando ou não,
promove uma sensação de sofisticação. Um dos legais da Cervejaria, e ainda que
não tenha visitado milhares de outras conheço algumas e o fato de que o
prédio foi construído essencialmente para esse fim é uma das grandes vantagens,
sofisticação sim porque o equipamento Cervejeiro é todo adequado e produzido
para se adaptar as curvas do prédio; quem fabrica sabe que esse tipo de
adequação é uma baita vantagem.
Da esquerda pra direita: clarificação, mosturação e fervura. |
Fabricada pela Jacob Carl, possui
dois tanques de cobre com mil litros de capacidade e a julgar pelo painel de
controle e a quantidade de válvulas que possui entre as tinas deve ser um grande
barato operar a mosturação, clarificação e fervura por ali. Em geral nas visitações ao vivo inicio falando
brevemente sobre as Escolas Cervejeiras, deixando o gancho para outro artigo em breve. Em seguida advirto que caso alguém
queira ou precise se retirar por qualquer motivo que fique a vontade, isso
porque muito frequentemente o bate papo com turmas grandes ou pequeno grupo de
interessados uma visitação pode chegar a 70 minutos, quando há uma troca de informações valiosa a menos que o movimento esteja intenso e eu realmente precise finalizar, muito me agradam essas conversas.
Acho muito bacana essas conexões. |
Em seguida, o assunto se volta
para a receita da Pilsen da Cervejaria de uma maneira simples porém objetiva e
realista dos insumos desde a sua procedência até a finalidade na produção, ou
seja, malte, lúpulo, água e leveduras. O malte não é nenhum segredo de estado e
é de fato cevada maltada, um processo conhecido e utilizado em Guarapuava-PR, por
exemplo, no caso de um dos fornecedores da Cervejaria. Maltes belgas e alemães
são sempre muito bem vindos e muito bem utilizados também, Weyermannn seria um dos
representantes em caráter de conhecimento.
Malte nacional, por exemplo. |
Humulus Lupulus é o camarada que
através das flores que nosso caso são utilizadas peletizadas e importadas para
o Brasil, sim pois é uma planta do hemisfério norte apaixonada pelo frio
digamos. Na década de oitenta criaram um projeto piloto em Nova Petrópolis para
o cultivo do lúpulo porém o clima da região mesmo sendo frio não foi o suficiente
para que o vigor comum a planta se anunciasse, em resumo o projeto infelizmente
não vingou, segue sendo Hallertau na Alemanha a grande referência em lúpulo no
mundo.
Noventa por cento da Cerveja é
água basicamente, uma semelhança grata conosco inclusive e no caso da
Cervejaria Farol é item preponderante para a fabricação de Cervejas de ótima
qualidade, item conferido por um poço com 160 metros de profundidade que dá
acesso a uma água com pH, dureza e equilíbrio de minerais extremamente propício
a produção de um produto final rico, complexo e puro. Sugiro sempre que
experimentem a “torneiral” da Cervejaria para comprovar como de fato é
diferente por sua leveza. Intrinsecamente estou dizendo que além disso a água
está abaixo do prédio, o prédio que foi construído para ser Cervejaria.
Malte e Lúpulo |
Intencionalmente fatiamos a
visitação em 4 artigos e eu mal posso esperar para escrever o quarto e último
pois é quase um procedimento padrão ficar no final da visitação batendo papo
cervejeiro alguns breves minutos e algumas historietas valem a pena ser
descritas. No decorrer é válido reiterar que falaremos mais a fundo sobre alguns insumos e processos em caráter de conhecimento e reavaliação do hábito de tomar Cerveja, pois meu caros: bom será beber menos e beber melhor sempre.
Sugiro que leiam mais sobre: Cervejaria Farol - 1
Segue...(*)
Cervejaria Farol
Rua Severino Inocente Zini, 150
Canela-RS/Brasil
Fone (54) 3282-7007
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